Fossanova - Selo 180
Fossanova - Selo 180 - 9.3
9.3
A maturidade musical de Murilo Sá ainda está longe de acontecer (assim esperamos). A evolução de um trabalho para outro é tão gritante que esperamos algo completamente oposto no seu próximo álbum!
As vezes não acredito na banalidade que leio e vejo em determinadas pessoas e veículos da imprensa em afirmar pela milésima vez que o rock morreu. Principalmente o rock brasileiro.
Não sou de escrever palavras de baixo calão, mas nesses momentos dá muita vontade de mandar essas pessoas “na sala de jantar” irem para determinado lugar onde a luz não bate.
Se existe uma sobrevida dentro da música brasileira independente, ela passa por artistas tão díspares como: Baby Budas, Boogarins, Ozu e obviamente, o Senhor Murilo Sá!
Ao evocar para si um lugar dentro do cânone sagrado psicodelismo brazuca, Murilo consegue se situar entre o limiar de não soar com um pastiche do saudoso Júpiter Maçã (algumas canções são muito semelhantes em termos de estrutura musical) e outras, no entanto, são tão rebuscadas que a primeira imagem que me vem a mente é uma sub-espécie de barroco-psicodelico dentro da psicodelia nacional.
Tendo gravado praticamente mais de 90% do trabalho sozinho em seu apartamento, Murilo Sá destoa de seus pares por vários motivos. Boas letras, sabe dividir matematicamente o andamento de suas canções sem histrionismo sentimental e ao mesmo tempo consegue evocar várias épocas em pouco mais de 30 minutos de álbum.
Fossanova” é um daqueles trabalhos que vai respingar em muitos outros em pouco tempo.
Canções do calibre de: “Tempos Esquisitos” é um hit em potencial para qualquer coisa! Um videoclipe, um filme, um fundo musical. E a verve pop continua embebida em psicodelia. “Canção do Fim” é um mergulho no brega de Odair José com as letras mais diretas que poderiam ser feitas.
Vida no Fundo do Mar” é a pegada da década de 80 com aquele brilho de Gang 90, e o teclado “safadinho” de algum inferninho da Augusta, São Paulo.
“Fossanova” é a cabal experiência de Murilo Sá com a lisergia. Experimentalismo, sons acachapantes e novamente um compositor pleno com sua obra.
Esperamos sinceramente que Murilo Sá não tenha chegado ao auge. Porque aqui o cara mais cool da música independente consegue ser tão foda que para se superar, no mínimo há de vir uma desconstrução de tudo que ele já fez até hoje!